“Quando se fornece o conforto que a vaca quer, ela produz o leite que nós queremos!” Ou seja, a partir do momento em que se disponibiliza alimento em quantidade suficiente e nutritivo, se propicia sombra e um local limpo para as vacas ruminarem, se oferta água de boa qualidade e mineral para o rebanho entre outras questões relacionadas a conforto, as vacas da fazenda passam então a ter condições de expressar o seu potencial produtivo. Mas “quando se tem o conforto que a gente quer, a vaca produz o leite que ele ela quer!”, isto é, quando o produtor preza pelo mínimo esforço, não se preocupando com o manejo de seu rebanho, não disponibilizando espaço de cocho para os animais se alimentarem com tranquilidade, obrigando suas vacas em lactação a percorreram longas distâncias para vir à ordenha, o leite produzido passa a ser proporcional ao conforto recebido, sendo assim bem abaixo das possibilidades de desempenho do rebanho.
E quando se fala em conforto, não quer dizer que sejam necessários grandes investimentos muitos menos construções de estruturas “faraônicas”, pois o simples bem feito já produz ótimos resultados.
Assim, buscando avaliar o efeito de algumas ações de manejo nos resultados pecuária de leite, foram coletados dados de 36 fazendas que recebem assistência técnica e gerencial na zona da mata mineira, separando as mesmas em três grupos de acordo com a rentabilidade alcançada, ou seja, sendo considerado no grupo dos inferiores os produtores que menos ganharam dinheiro com a atividade leiteira e estando compondo o estrato de superiores aquelas fazendas com maior sucesso econômico. Observando-se os índices, foi possível então constatar a importância de questões relacionadas ao conforto animal que podem influenciar de forma direta ou indireta a produção diária por vaca em lactação. As fazendas com melhor rentabilidade possuíam maior espaço de cocho por vaca em lactação, propiciando a redução da competição dentro do grupo e minimizando assim o efeito de subnutrição de alguns animais por dificuldade de acessar a área de alimentação, sendo recomendado pelo menos 70 centímetros de espaço de cocho para animais adultos e 50 centímetros para novilhas.
Observando a distância da área de alimentação até à ordenha e aos bebedouros, nota-se que as vacas que se deslocaram menos conseguiram gerar maior produtividade diária, havendo menores perdas de energia por caminhamento e sendo possível assim destinar mais nutrientes para a produção de leite. A título e ilustração, em média, se uma vaca percorre 1,3 km já haveria gasto de energia suficiente para se produzir 1 litro de leite.
Quanto à forma de fornecimento do trato, sabe-se que vacas possuem uma grande capacidade de seleção de alimentos no cocho. Dessa forma, quando o animal ingere concentrado de forma isolada, rapidamente esse alimento passa pelo seu sistema digestório e perde-se então parcelas significativas da ração nas fezes. Assim, quanto misturado ao volumoso, mais as vacas irão ruminar, mais tempo o alimento ficará retido no animal e melhor aproveitado será o concentrado, o item de despesa com maior peso no custo de produção de leite. Outro ponto importante é que, fracionando-se os tratos, maior será a digestibilidade dos alimentos, havendo melhor aproveitamento e consequentemente maior produção de leite. Produtores com aproximadamente 2 tratos diários obtiveram maior produtividade por vaca do que aqueles com apenas um período de alimentação por dia.
Portanto, com condições de manejo mais apropriadas, foram alcançadas melhores produtividade por vaca, o que normalmente facilita a diluição de custos da propriedade já que, por exemplo, uma vaca mais produtiva gastará as mesmas vacinas, o mesmo material de ordenha, de lavagem da ordenhadeira, terá um consumo de volumoso semelhante, entre outros pontos, possibilitando assim maiores receitas e melhoria das margens de ganho, permitindo a otimização da rentabilidade da fazenda. Assim, possibilitar o conforto do rebanho é fundamental para o sucesso econômico na produção de leite, pois “quando a vaca é bem tratada, ela também trata bem o dono!”
Fonte Labor Rural