A oferta de leite no primeiro trimestre de 2020, apesar da sazonalidade da produção, tende a ser reduzida, podendo elevar ainda mais o preço por litro pago aos produtores, segundo as informações divulgadas pelo CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). Tal cenário está relacionado ao possível aumento nos custos de produção e ao crescimento no abate de matrizes.
A seguir descrevemos melhor esses dois pontos para que você fique informado!
1°- Custos de Produção: Os preços dos principais insumos que compõem a ração, como o milho e o farelo de soja, tiveram alta no mercado interno.
O aumento do preço do milho está relacionado ao ritmo acelerado das exportações e ao cenário crescente de incentivo à produção de biocombustíveis, tornando possível a valorização do cereal em questão.
Em relação ao farelo de soja, a alta dos preços ocorre devido à elevada demanda do setor pecuário, e além desse fator também temos o dólar que segue em patamares elevados tornando cada vez mais atrativa a comercialização deste derivado no mercado externo.
Com esses aumentos, as despesas com concentrado, que é o principal componente de custo da pecuária leiteira, tendem a se elevar. Dessa forma, a oferta de concentrado aos animais pode ser comprometida e, consequentemente, a produção de leite pode ser afetada negativamente.
2°- Abate de matrizes: Como reflexo direto da atratividade apresentada pela pecuária de corte ao final do ano de 2019, com o os preços da arroba atingindo recordes históricos, muitos produtores optaram por abater as matrizes leiteiras. E devido ao alto preço dos bezerros, é provável que grande parte dos produtores de leite invistam na criação destes animais. Como consequência, produção e disponibilidade de leite pode ser comprometida.
Portanto, apesar desta possível pressão sobre a margem dos produtores no primeiro trimestre de 2020, dois fatores podem incentivar o aumento na oferta de leite no ano: primeiro, o fato do preço pago ao produtor estar em patamares altos nos últimos anos, incentivando maior produção no curto/médio prazo; e segundo, o aumento do crédito via redução de juros em 2019, facilitando a captação de recursos que podem proporcionar maiores investimentos nas fazendas, bem como aquisição de novas matrizes e/ou melhora na qualidade do rebanho.
Finalmente, outros fatores podem contribuir para uma pressão na oferta de leite neste ano. O crescimento dos investimentos, com possível aumento na geração de emprego e renda, deve contribuir para o reaquecimento da economia brasileira em 2020 e, por consequência, elevar a demanda por leite e derivados, que apresentam relação direta com a renda da população. Desta forma, pressões pelo lado da demanda devem contribuir para que os preços pagos pelo leite continuem elevados, incentivando o aumento da oferta de leite em 2020.
Leonardo Miranda