Dentre suas particularidades, as propriedades leiteiras possuem diversos entraves que influenciam no sucesso da atividade. Dentre esses fatores, um de grande impacto no bolso do produtor está relacionado à estrutura do rebanho.
Um rebanho leiteiro normalmente é composto por vacas em lactação, novilhas, bezerras e outras categorias animais. Dessas, a categoria responsável por gerar receitas ao produtor é a que está em produção, ou seja, vacas em lactação. Logo, um rebanho bem estruturado conta com um percentual alto de vacas em lactação em sua composição. Por isso, para avaliar a composição dos rebanhos em propriedades leiteiras, utilizamos dois indicadores: Vacas em lactação em relação ao total de vacas (%) e Vacas em lactação em relação ao total do rebanho (%).
Sabemos que o segundo indicador – presença de vacas em lactação no rebanho – é dependente de um bom manejo reprodutivo, nutricional e sanitário. Assim sendo, alguns indicadores como, por exemplo, intervalo de partos, período de lactação, idade ao primeiro parto, ganho de peso e taxa de mortalidade influenciam diretamente nos resultados dos dois indicadores: vacas em lactação/total de vacas e vacas em lactação/total do rebanho.
Um rebanho “ideal” teria 83% das vacas em lactação em relação ao total de vacas do rebanho, sendo que este número é obtido através de um período de lactação de 10 meses, dividido pelo intervalo de partos de 12 meses. Este indicador é uma medida indireta da situação reprodutiva: quando baixo, ou seja, menor do que 83%, é decorrente à um período de lactação curto e/ou intervalo entre partos longo.
Para o indicador vacas em lactação em relação ao total do rebanho, o benchmark é de pelo menos 45% do rebanho composto por vacas em lactação. Esse indicador demonstra o potencial produtivo e nutricional da propriedade, ou seja, a capacidade da mesma em gerar renda ao produtor. Quando baixo, dizemos que a propriedade possui muitos animais na fase de cria e recria, o que está relacionado a falhas no manejo nutricional, reduzindo o ganho de peso dos animais, provocando um aumento da idade ao primeiro parto das novilhas e, consequentemente, aumento nos custos da propriedade.
Nas tabelas abaixo, apresenta-se cálculo hipotético de dois casos. Em ambos, foram fixados o tamanho do rebanho, produção média por vaca em lactação, preço do leite e custo operacional efetivo (COE) diário da propriedade (Tabela 01) afim de mostrar a possível diferença nos indicadores zootécnicos das propriedades (Tabela 02), bem como os impactos econômicos decorrente de um rebanho bem equilibrado e desequilibrado (Tabela 03). Nas simulações realizadas a seguir, nota-se que o desequilíbrio do rebanho está relacionado à quantidade de vacas em lactação: 10 vacas a menos para as propriedades com estrutura de rebanho desequilibrada.
Tabela 01 – Valores fixos para as duas propriedades hipotéticas.
Tabela 02 – Rebanho com composição equilibrada e rebanho com composição desequilibrada.
Tabela 03 – Indicadores econômicos das propriedades com composição do rebanho equilibrada e com composição do rebanho desequilibrada.
Comparando as duas propriedades das tabelas 1 a 3, nota-se que a de rebanho com estrutura equilibrada apresenta uma margem bruta de R$0,25 por litro de leite produzido. Ou seja, custeadas todas as despesas variáveis envolvidas na produção de leite, remanesce para o produtor o equivalente à R$0,25/litro de leite. A propriedade que apresenta composição de rebanho desequilibrada, por sua vez, atua com margem bruta negativa, ou seja: com a renda obtida com a produção de leite a propriedade não consegue quitar os seus custos variáveis (concentrado, volumoso, mão de obra, medicamentos, etc).
Desse modo, fica evidente a importância de uma estrutura de rebanho equilibrada dentro da propriedade. Vale lembrar, ainda, que o desequilíbrio da estrutura do rebanho é decorrente de diversos fatores, tais como:
Feitas tais considerações, nota-se que para a obtenção de bons resultados na atividade leiteira é preciso levar em conta que as decisões técnicas caminham junto com os resultados econômicos. Dessa forma, além de maior eficiência técnica a atividade também será rentável para o produtor.
Thayná Pacífico – estagiária da Labor Rural!