Em breve começará a colheita de café nas lavouras e tão importante quanto o manejo em campo para a formação do fruto no pé, é o seu manejo de pós-colheita, que interfere diretamente na qualidade de bebida e, principalmente, naquilo que tanto preocupa o produtor: o preço de venda da saca.
A forma como é realizado o manejo de pós-colheita é o que classifica alguns cafés como Diferenciados, mas o que é isso?
São aqueles que possuem qualidade superior e/ou certificação de práticas sustentáveis. Estes representam 18,4% do volume total de exportação brasileira e 23,5% do valor monetário total das mesmas exportações.
O café comum teve sua saca vendida, no último ano safra, a um preço médio de US$133,59, enquanto os cafés diferenciados obtiveram sua média de US$172,86, tendo os EUA como maior importador deste produto do Brasil, importando 20,3% da produção brasileira desta categoria atualmente (Fonte: Cecafé – Relatório mensal, fevereiro/2020).
Se você, produtor, deseja embarcar neste mercado já consolidado, o planejamento de pós-colheita é ainda mais importante para que sejam selecionados os frutos que atendem ao padrão de qualidade que se deseja alcançar para valorizar a produção, começando na lavagem e indo até o momento de torra. Não descartando, é claro, o planejamento das atividades anteriores como essenciais no alcance da produção de Cafés Diferenciados.
Você sabe quais pontos deve se atentar para o planejamento de pós-colheita? São eles:
Planejamento financeiro: dimensionar a movimentação financeira necessária para realização da atividade e de onde proverá estes recursos, visando um equilíbrio no fluxo de caixa da propriedade. Podendo ser necessária a antecipação de receitas e/ou uso de crédito rural;
Planejamento de mão de obra: além de ser necessário para o planejamento financeiro da propriedade, temos o agravante do cenário mundial vigente com a pandemia de COVID-19, visto que, nas propriedades com pouca ou inexistente mecanização, grande parte da mão de obra flutuante vem de diferentes regiões, como exemplo, a cafeicultura do Sul de Minas, que tem sua mão de obra de colheita composta em grande parte por pessoas oriundas de outra região. Com as dificuldades do deslocamento intermunicipal, é necessária uma manobra de urgência para driblar um possível desfalque na lavoura, de forma que afeta o mínimo possível no processo de pós colheita, visto que, com esse atraso, pode ocorrer maturação indesejada e fermentação de frutos programados previamente para produção de determinada qualidade de bebida. Assim sendo, estratégias que visem antecipar a colheita para alguns talhões, como maturadores, devem ser analisadas, pois será possível colher com maior organização operacional e iniciar neste período, utilizando a mão de obra disponível, mesmo que esta seja em menor número. Esta estratégia implica em reduzir a demanda temporária de serviço em curto espaço de tempo sem provocar sobrecarga no sistema de pós-colheita.
Restauração e dimensionamento da capacidade das estruturas de pós-colheita: o cuidado com o acondicionamento, lavagem, separação, descascamento, desmucilagem (quando preparado por via úmida) e também a secagem são de extrema importância na produção de cafés de qualidade diferenciada, e para obter sucesso nestes procedimentos é imprescindível que todas as instalações estejam em plenas condições de uso.
Treinamento da equipe responsável pelo manejo de pós-colheita: uma equipe capacitada faz total diferença na eficiência e qualidade do trabalho exercido, que quando executado de forma correta, entrega retorno significante ao produtor. Vale lembrar que capacitação não é gasto e sim investimento.
O momento é desafiador, mas com planejamento e gestão, é possível amenizar as dificuldades operacionais deste momento.
Mais do que pensar, estas medidas devem ser colocadas em prática. Planejamento operacional, definição de metas de rendimento, criação de procedimentos operacionais padrão e análise econômica de cada operação, se tiver dúvidas e precisar de suporte, conte com nossa equipe para auxiliá-lo.
Lukya Santos – estagiária da Labor Rural!