O Brasil é líder mundial na produção e exportação de cafés e um dos gargalos para o aumento da produtividade são os danos causados pela doença conhecida como Ferrugem do Cafeeiro.
É uma doença causada por fungos e que causa grandes prejuízos nas plantas, sendo considerada a mais importante da cultura e impactando diretamente na rentabilidade do cafeicultor.
Nos acompanhe na leitura e saiba mais sobre esse inimigo e as melhores formas de controle para minimizar os impactos causados por ele.
Figura 1 – Planta de café com a Ferrugem em vários estágios.
Foto: Pedro Moreli – Consultor Técnico da Labor Rural.
A Ferrugem do Café é uma doença causada pelo fungo Hemileia vastatrix, encontrada pela primeira vez no continente africano em 1861.
No Brasil a doença foi relatada pela primeira vez em 1970, no estado da Bahia, e se alastrou rapidamente por todo o território brasileiro, demonstrando o grande potencial de disseminação do fungo.
Segundo a literatura científica, existem mais de 50 raças fisiológicas do fungo Hemileia vastatrix que acometem os cafeeiros no mundo todo. Só no Brasil, já foram encontradas cerca de 15 dessas raças, sendo que a Raça II é a predominante.
A produção de café é notadamente de grande importância social e econômica para muitas regiões.
Doenças como a ferrugem podem ocasionar a inviabilização do plantio com prejuízos de até 30% em regiões onde as condições climáticas são favoráveis. Já em condições de estiagem prolongada, nos períodos de maior severidade da doença, as perdas podem chegar a mais de 50% da produção, dependendo da cultivar, da nutrição das plantas e do clima predominante da região de cultivo.
Conhecer os fatores que influenciam e a distribuição da Ferrugem do Cafeeiro no espaço e no tempo através do monitoramento da incidência e da severidade, é fator essencial para a estimativa dos danos e para a determinação da tomada de decisão.
O fungo causador da Ferrugem do Cafeeiro é uma espécie biotrófica, ou seja, sobrevive exclusivamente no cafeeiro, se alimentando de células vivas da planta.
Ele penetra pelos estômatos onde, ao encontrar condições adequadas, germina e se desenvolve causando as esporulações que são as estruturas de propagação assexuada dos fungos.
Essas estruturas são disseminadas através do vento, da água, pelo homem, por animais ou por implementos.
A ação do fungo Hemileia vastatrix começa por manchas cloróticas com 1 a 3 mm de diâmetro que podem ser vistas no campo apenas contra a luz. Posteriormente, formam-se manchas circulares de cor amarelo-alaranjada na face inferior da folha, que podem atingir até 2 cm de diâmetro.
Já na face superior, surgem manchas cloróticas amareladas que necrosam com o desenvolvimento da doença.
Como consequência, principalmente com colonizações contínuas, ocorre o cobrimento e morte de tecido foliar e, de forma mais severa, a desfolha precoce das plantas, prejudicando a taxa fotossintética.
Com isso, a planta perde a capacidade de produzir carboidratos, podendo ocorrer a seca de ramos e um menor vingamento da florada e dos frutos na fase de chumbinho, comprometendo a produção do ano seguinte e provocando quedas na produtividade das lavouras.
O clima afeta diretamente o surgimento da Ferrugem, sendo que a umidade relativa acima de 80%, temperaturas em torno de 23ºC e o elevado molhamento das plantas são as condições ideais para o desenvolvimento da doença.
Dessa forma, é comum observar o crescimento da incidência principalmente a partir de novembro.
Além disso, uma maior produtividade da planta contribui para o aparecimento da doença, uma vez que ela fica mais exaurida e menos resistente. Outros elementos importantes são a agressividade do patógeno, estado nutricional da planta, período de molhamento foliar e a densidade de plantio com microclima propício.
Figura 2 – Folhas de Cafeeiro com a Ferrugem no nível de dano econômico, em seu último estágio antes de iniciar a necrose.
Foto: Pedro Moreli – Consultor Técnico da Labor Rural.
É fato que a Ferrugem do Café está presente em praticamente todos os plantios brasileiros. O manejo fitossanitário da cultura torna-se, então, um dos grandes desafios para os cafeicultores.
Estes devem atender às exigências de qualidade dos mercados e lidar com a doença, garantindo uma produção economicamente viável e com potencial de competitividade.
Dessa forma, podem ser tomadas medidas como o uso de cultivares resistentes junto a tratos culturais que desfavoreçam as condições mais propícias à proliferação da doença.
Aliado a esses fatores, o uso de produtos químicos de forma preventiva com a aplicação de fungicidas protetores e sistêmicos nas folhas ou no solo é de extrema importância para o controle da doença.
Esta aplicação preventiva pode ser realizada desde o período anterior ao início das chuvas ou quando houver mais de 3% de folhas com sinais de esporulação.
Os fungicidas mais utilizados são à base de cobre, moléculas de triazol e estrobilurina.
Fungicidas como o triazol possuem ação mais rápida, atuando melhor na contenção dos danos no cafezal.
É essencial que o cafeicultor esteja atento à tecnologia de aplicação do fungicida, uma vez que ocorrem muitos erros nessa etapa. A ferrugem surge em locais mais úmidos, geralmente nas folhas mais velhas e que estão no interior da copa da planta trazendo a necessidade de se atingir estes locais para o controle efetivo da doença.
Cabe ressaltar que a avaliação dos princípios ativos utilizados nos produtos comerciais e do período residual do fungicida irão determinar quantas aplicações serão necessárias na lavoura.
Ademais, a planta precisa, em média, de 4 a 6 horas para absorver o fungicida. Por isso, caso ocorra precipitação nesse período, a sua efetividade será reduzida, sendo necessário planejar uma nova aplicação.
Para enfrentarmos desafios como esse é necessário contar com uma estrutura de trabalho séria, ativa e integrada. Investir em conhecimentos, tecnologias e apoiar-se em análises apuradas e seguras são a chave para um bom desempenho produtivo e econômico na produção café.
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FONTES: Alfonsi (2019); Camara (2019); Canal Rural (2021); Rehagro (2018).