A geada das últimas semanas atingiu severamente as regiões do Sul de Minas Gerais, Cerrado e Mogiana, importantes pólos cafeicultores do Estado.
A massa de ar frio atingiu de forma homogênea grande parte das lavouras de café nessas regiões, ocasionando queima das plantas e perdas consideráveis na produção da próxima safra.
As principais entidades cafeeiras ainda estão avaliando as perdas e estimando o comprometimento ocasionado. A última atualização do relatório de danos da geada nas regiões cafeeiras de Minas Gerais, conduzido pela Emater-MG, aponta que 19,1% do parque cafeeiro foi atingido pela geada chegando a uma área atingida de 173,6 mil hectares.
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As implicações técnicas e econômicas da geada têm reflexo expressivo na sustentabilidade de cada propriedade atingida, devendo o cafeicultor reavaliar os planos para a próxima safra.
Diante de tal realidade, é necessário se colocar numa posição de avaliação da situação de sua propriedade antes de tomar qualquer decisão. O momento é de calma, deve-se avaliar os danos e planejar as ações futuras.
A tomada de decisão equivocada, seja no âmbito técnico ou no âmbito econômico, pode colocar o cafeicultor em uma situação ainda mais complexa e preocupante, sobretudo no aspecto da sustentabilidade financeira do seu negócio no curto, médio e longo prazo.
É aconselhável que procure seus consultores para estabelecer um plano de ação técnico para a situação de suas lavouras.
Vale ressaltar que, cada lavoura apresenta uma situação particular, e a decisão de intervenção técnica deve ser estudada caso a caso, levando em consideração a severidade do dano, idade e porte das plantas, bem como possibilidade de rebrota.
Todas essas questões devem ser avaliadas ao longo dos próximos meses, quando as temperaturas começarem a subir e começarem as chuvas, onde a planta começará a apresentar respostas ao estresse sofrido pela geada.
Esse é o momento de levantar o estoque de insumos da fazenda e redimensionar com base no novo manejo. No caso em que o cafeicultor ainda irá adquirir os mesmos, essa aquisição deverá ser com base no planejamento já ajustado, pensando na otimização dos recursos.
Também a alocação de mão de obra nas atividades da fazenda seguirá novo ritmo, pensando nas operações de poda e pulverizações adicionais. Nesse cenário de redução de receitas, a busca por melhores condições de preço de compra de insumos, ajuste de parcelamentos e juros, é fundamental para equilibrar o Fluxo de Caixa da fazenda.
Aliado aos aspectos técnicos, a análise e planejamento econômico se faz fundamental e deve ser considerado no processo de tomada de decisão por parte de cafeicultores.
A análise futura é importante para tomar decisões hoje, pensando na sustentabilidade financeira da fazenda.
Por exemplo, se a extensão de áreas danificadas é muito grande, o cafeicultor poderá escalonar os talhões a serem podados ou renovados ao longo dos anos, pensando no fôlego financeiro para investir nessas operações.
A nova configuração de produção total e, consequente de receitas da fazenda, é outro aspecto fundamental a ser avaliado.
Nesse ponto, a projeção de receitas para as próximas safras deverá acompanhar o plano de recuperação da produção, pensando em buscar sempre, pelo menos, a Margem Bruta positiva da fazenda nas safras seguintes, evoluindo para Margem Líquida positiva
com a recuperação da atividade.
O mercado encontra-se com grande volatilidade, muito em função das especulações sobre novas geadas, chutes sobre as potenciais perdas, bem como a expectativa de quebra da safra seguinte, tanto pelos efeitos das geadas, quanto pela situação já crítica da seca nas principais regiões produtoras.
Dessa forma, não seria estratégico confiar em preços maiores para os próximos anos, devendo o cafeicultor voltar seu foco para as estratégias de equilíbrio dos custos de sua fazenda, bem como a recuperação o mais rápido possível do potencial produto e saúde
financeira de sua fazenda.
Portanto, cafeicultores, o difícil cenário atual deve ser encarado com muita calma e, agora, as decisões mais do que nunca devem ser embasadas no cunho técnico e financeiro da fazenda, de forma que a tomada de decisão seja feita com base em um rigoroso planejamento a curto, médio e longo prazo das operações e do fluxo de caixa da fazenda.
Passo 01 – Tenha calma. Decisões equivocadas podem piorar a situação;
Passo 02 – Avalie o estrago. Consulte seu agrônomo de confiança para realizar um diagnóstico de lavouras danificadas, das lavouras que morreram e da produção comprometida;
Passo 03 – Trace um plano de ação. Defina quais lavouras precisarão de intervenção e qual a melhor intervenção para cada situação;
Passo 04 – Conheça os custos. Levante o custo para cada intervenção necessária, atentando para a sustentabilidade do Fluxo de Caixa da propriedade;
Passo 05 – Projete as receitas. Faça uma nova estimativa de produção e consequente receita baseando-se na nova estimativa de produção da propriedade;
Passo 06 – Analise as alternativas de crédito. Pesquise antecipadamente as possibilidades de linhas crédito rural disponíveis para a condição de sua propriedade;
Passo 07 – Ajuste o pacote tecnológico. Faça os ajustes necessários no pacote tecnológico da fazenda, reavaliando insumos utilizados, mão de obra empregada e manejo adotado;
Passo 08 – Pense também no médio e longo prazo. Nas projeções de custos e Fluxo de Caixa, busque avaliar o cenário para as próximas duas ou três safras, momento em que as lavouras danificadas voltarão a produzir e a estrutura de custo e receita será alterada novamente.
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Fontes consultadas: CANAL RURAL