A silagem de grão úmido (feita a partir da colheita do grão de milho um pouco mais cedo, com teor de matéria seca por volta de 65%) e a silagem de grão reidratado (feita com adição de água ao milho já seco), são tecnologias que vêm sendo amplamente utilizadas na alimentação dos animais em fazendas produtoras de leite, devido aos excelentes resultados técnicos e econômicos alcançados.
Esta técnica proporciona um aumento na digestibilidade dos nutrientes, fazendo com que ocorra maior aproveitamento do alimento pelos animais, reduzindo o desperdício de energia da dieta, aumentando a eficiência alimentar, e impactando diretamente no aumento da produtividade das vacas. No entanto, esta tecnologia, quando mal utilizada, pode acarretar distúrbios metabólicos, como a acidose ruminal. Com isso, sempre busque auxílio de um profissional capacitado na formulação das dietas de sua propriedade.
Economicamente, as duas tecnologias proporcionam ganhos financeiros pois possibilita a compra estratégica nos meses do ano em que os preços são mais favoráveis ao produtor, além de se obter um ganho de volume do produto ao adicionar água na reidratação do milho, diluindo o custo inicial do milho. Entretanto, o desafio para realizarmos a compra estratégica, é que o produtor necessita de um alto capital de giro para a aquisição do volume de grãos para o fornecimento a seus animais durante o ano, o que não ocorre com as compras parceladas durante os meses do ano.
O gráfico abaixo retrata os preços médios mensais do milho grão (R$/sc), com base em uma série histórica dos últimos 10 anos. Nele constatamos que a diferença do preço médio do milho grão entre o mês de menor valor (julho) e o mês de maior valor (março) é de 12,02%, evidenciando a importância de realizar compras estratégicas para equilibrar o custo com alimentação do rebanho.
Gráfico 1: Média do preço do milho (R$/sc) nos últimos dez anos e a porcentagem de variação entre os meses de maior e menor valor.
Fonte: Dados de Ago/09 a Jul/19, corrigidos pelo IGP-DI de Jun/19. Fonte: CEPEA – ESALQ/USP. Elaborado por Labor Rural.
Para avaliarmos o impacto da compra estratégica e da utilização do grão reidratado no resultado econômico de uma propriedade, comparamos os resultados obtidos com a compra do milho grão no mês de menor preço do ano (R$ 38,10/sc) com a compra do milho durante todo o ano, considerando portanto o preço médio anual (R$ 40,45/sc). Nessa comparação, calculamos a quantidade de água necessária para que o milho grão, que em média possui 87% de matéria seca, fosse reidratado até obter 65% de matéria seca, sendo que essa quantidade é de cerca de 25 litros para cada 100 kg de milho, ou seja 100 kg de milho grão seco produz cerca de 125 kg de milho reidratado.
Percebemos na tabela abaixo que a compra de uma tonelada de milho grão, com 13% de umidade, no mês de menor preço, custou aos produtores R$ 635,00/ton. Após o processamento e ensilagem, o custo da tonelada do grão reidratado passou a ser de R$ 532,00/ton. Este custo é menor devido ao acréscimo de 250 litros de água na reidratação, o que diluiu o custo total em R$ 142,00 por tonelada
Tabela 1 – Simulação do impacto da compra estratégica e da utilização do grão nos custos
Fonte: Elaborado por Labor Rural.
Com o melhor aproveitamento do alimento, a substituição do milho comum pelo reidratado pode chegar à relação de 1:1, dependendo da qualidade do produto e se o processo de ensilagem foi bem-sucedido. Considerando uma propriedade que produz 1.000 litros de leite por dia, e utiliza, em média, 80 toneladas de milho por ano, a economia pode chegar a R$ 11.360,00/ano, quando multiplicamos as 80 toneladas necessárias, vezes o preço economizado pela tonelada de grão reidratado produzido (R$ 142,00). Considerável, não é mesmo?
É válido ressaltar que para obter bons resultados, é fundamental:
Focar no teor de umidade e na compactação, visto que a umidade do produto final deve estar entre 30% e 35%, sendo, portanto, o volume de água a ser adicionado na fabricação do grão reidratado variável de acordo com a umidade do milho comprado;
Dimensionar corretamente o silo e fazer uso da aplicação de inoculantes que otimizem a fermentação;
Uma correta reidratação do fubá, pois proporcionará a diluição do preço, por kg do grão armazenado, além de favorecer a compactação e a fermentação;
Tempo de armazenagem: o silo deve ficar fechado por no mínimo 30 dias após o fim da ensilagem;
Manejo do silo: a camada a ser retirada diariamente do perfil do silo deve ser superior a 20 cm, com o objetivo de evitar fermentações indesejáveis no restante do alimento ensilado;
Preparo da mistura: a mistura do grão úmido, ou reidratado, ao restante da dieta deve ser feita diariamente, sempre com intuito de oferecer um alimento fresco aos animais.
Com o auxílio do seu técnico, balanceie a dieta de seus animais e estude a viabilidade de implantação do grão úmido ou reidratado em sua propriedade. O certo é que essas tecnologias permitem ao produtor explorar as oportunidades de mercado, equilibrando custos, aumentando a renda e, consequentemente, tornando o sistema mais eficiente.
Agosto 2019