O sucesso da cana-de-açúcar na alimentação animal já é mais do que provado na pecuária leiteira. Este sucesso é devido à sua disponibilidade na época seca do ano, quando há redução da temperatura e do comprimento do dia e a cultura concentra alto teor de carboidratos solúveis em seu colmo, aumentando a qualidade da cana, bem como sua digestibilidade pelos animais. Esse período é justamente o que tem menor oferta de volumosos, de maneira gera.
O cultivo do volumoso se torna viável por ser a cana uma cultura com janela de corte amplamente estendida, pouco exigente em tratos culturais, além de ser muito difundida entre os produtores, os quais dominam bem as técnicas de seu cultivo.
No entanto, é necessário que o produtor faça um bom manejo, para atingir lavouras com alta produtividade e longevidade considerável. Um canavial bem manejado pode ultrapassar os seis cortes, durante toda a sua vida útil, e obter uma produtividade média de, aproximadamente, 100 ton/ha/ano.
O bom manejo da lavoura de cana requer fatores que otimizam o seu desenvolvimento, na busca por longevidade e produtividade. A realização de adubações, tanto de plantio quanto em cobertura, em dosagens corretas, garante o desenvolvimento de plantas vigorosas que, consequentemente, responderão em produtividade. As adubações podem ser feitas com o uso de fertilizantes minerais, através das formulações químicas presentes no mercado, ou de forma orgânica, com esterco de curral e de cama de aviário, aumentando o teor da matéria orgânica do solo, além de dar destinação correta aos dejetos da propriedade, tornando a fazenda mais sustentável.
O controle de plantas daninhas também é uma ferramenta muito importante na cultura. No período de 30 dias a 120 dias após a emergência, a competição por nutrientes entre a cana e as plantas daninhas é prejudicial à cultura, de modo que é necessário fazer o controle. Uma tática importante é leirar o terreno com palhada, o que promove a proteção e a cobertura do solo, impedindo o aparecimento das plantas invasoras e ajudando na retenção da umidade do solo. O corte da cana deve ser feito rente ao solo, para aproveitar, o máximo possível, no momento da colheita. O controle de pragas, como formigas e cupins, também é fundamental, pois esses insetos podem interferir no desenvolvimento da lavoura, atacando as folhas e as raízes.
O produtor que segue todos esses os manejos de forma correta, como consequência, pode obter resultado em produtividade de sua lavoura, no primeiro e no segundo corte da cana, de ano e meio, superior a 150 ton/ha/ano de matéria verde, quando atinge a melhor produção. Nos anos seguintes, a tendência é haver um decréscimo na produtividade, de 10% a cada corte.
Ao final do período seco, caso o produtor não tenha utilizado toda a cana disponível na fazenda, ele poderá destinar a produção excedente ao plantio de novas áreas, promover a venda do volumoso excedente, promover o corte e a ensilagem do canavial, para fornecer aos animais, liberando a área para a rebrota e facilitar, assim, os tratos culturais e o manejo da mão-de-obra, uma vez que dispensa o corte diário.
No entanto não é viável deixar a cana de um ano para o outro na área, porque passará por um processo, após o florecimento e constituirá a cana bisada. A cana bisada direciona os carboidratos solúveis do colmo para a inflorescência, onde vão ser consumidos no processo de reprodução, levando a cana a sofrer isoporização. Após esse processo, além da perda, principalmente de sacarose, a cana bisada apresenta um teor de fibras elevado, em relação a cana, com maturidade fisiológica ideal, o que limita o consumo dos animais.
Portanto, é muito importante seguir um planejamento de volumosos, para obter melhor eficiência na alimentação dos animais, evitar perdas de alimento, buscar equilíbrio dos custos e a sustentabilidade dos canaviais. Com a adoção das boas práticas mencionadas anteriormente, o produtor consegue atingir objetivo final, com mais uma boa opção alimentar, para auxiliar no processo de produção e ocasionar menor dependência da compra externa de volumosos.
Rodrigo Iglesias – Agrônomo