Sabe-se que o milho é um componente importante na formulação de rações para diversas cadeias produtivas e, portanto, a elevação de seus preços diminui a margem dos produtores que utilizam este insumo e encarece diversos produtos até o consumidor final. Portanto, é fundamental ficar atento as perspectivas para o mercado do milho.
Por se tratar de uma commodity, o milho é tido como um investimento para o produtor, e isso também reflete seu comportamento em momentos de alta dos preços. Como sua safra é renovada anualmente, novos fatos mudam o cenário constantemente, refletindo em variações de preços consideráveis que interferem na economia do país.
Ademais, a incerteza na oferta molda o ritmo das negociações e o produtor por muitas vezes tem a estratégia de reter o grão, principalmente em situações como a de agora, de dúvidas em relação a produtividade da safra.
Desse modo, o que justifica o preço tão alto da saca de milho em 2021? Acompanhe!
Desde outubro de 2020, a saca de milho vem batendo recordes mensais no mercado brasileiro. Dados do CEPEA mostram que o preço médio real da saca de 60 kg de milho passou de R$ 70,02 no período de janeiro a março de 2020, para R$ 88,33, no mesmo período de 2021, um aumento de 26,2%. Em março deste ano o preço médio foi R$91,51.
O movimento de alta nos preços do milho no Brasil em 2021 tem relação tanto com fatores externos quanto internos. Em relação ao mercado externo, a demanda segue aquecida, e as exportações brasileiras em 2021 devem aumentar 15,7%, atingindo 39,5 milhões de toneladas (ou 36,2% da produção nacional), muito em função das importações chinesas, que devem triplicar em 2021, sendo suprida em parte pelo milho brasileiro.
Esse aumento nas exportações também tem relação direta com a taxa de câmbio, que sofreu forte desvalorização desde o final de 2019, diminuindo o preço do milho brasileiro para os importadores.
No mercado interno, a previsão para a safra brasileira em 2020/2021 é de incremento de 6,8% em relação à anterior, alcançando aproximadamente 109 milhões de toneladas, a maior produção da história do Brasil. Apesar disso, espera-se que o consumo interno brasileiro de milho aumente 2,9% em 2021. Com isso, a combinação de aumento das exportações e do consumo interno, deve fazer com que o estoques de milho no Brasil continuem baixos, pressionando o preço no mercado interno.
Apesar de todas essas previsões para 2021, os olhares no mercado brasileiro de milho estão direcionados para possíveis impactos da chuva sobre a produção da segunda safra, responsável por cerca de 75% de todo milho produzido no Brasil neste ano. A precipitação em abril não deve ser suficiente para reverter o quadro de baixa umidade no país, entretanto, as chuvas devem avançar em maio, mas limitadas aos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, centro, oeste e sul de Minas Gerais e sul de Goiás.
Isso significa que boa parte da segunda safra de milho, plantada de forma mais tardia no Brasil, corre risco de redução da produtividade, o que poderia pressionar ainda mais os preços no mercado interno. Diante deste cenário de incertezas, os produtores de milho limitam as vendas no atual momento, e os consumidores, por sua vez, seguem preocupados com os atuais patamares de preço, prejudicando os custos de produção.
Para saber mais sobre esse e outros assuntos relacionados ao mercado agropecuário acompanhe nosso Blog.