O milho é uma das culturas mais disseminadas e utilizadas em todo mundo. É considerado um cereal rico em vitaminas, minerais e também como uma excelente fonte energética. A produção brasileira de milho é a terceira maior do mundo. Aproximadamente, 65% dessa produção é destinada à alimentação animal, 11% é utilizada pela indústria e apenas 5% é destinada à alimentação humana, o que mostra o impacto da agropecuária na economia do Brasil e a importância desse cereal na produção animal.
Notícias recentes mostraram que as exportações de milho, em 2019, tiveram aumento de quase 100%, quando comparadas ao mesmo período do ano anterior, com recordes de volume exportado. Mas qual o impacto disso? Já ouviram falar da lei de oferta e procura? Pois bem, nada mais é do que a intensificação na busca por um produto que tende a gerar aumento de preço, fazendo com que o produtor pague mais para adquiri-lo, ou seja, se há menor quantidade de milho no mercado, possivelmente o valor do milho sofrerá aumento. Cada centavo a mais no custo de produção pode ser um empecilho para o produtor alcançar sucesso na atividade. Assim torna-se algo bem preocupante, uma vez que esse alimento pode ser utilizado como concentrado e volumoso e que, juntos, esses componentes representam cerca de 50% do custo de produção na atividade leiteira.
Uma das estratégias para aumentar a eficiência da atividade leiteira com equilíbrio dos custos da alimentação animal, é melhorar o alimento produzido, tanto em quantidade, quanto em qualidade. Para isso acontecer, o produtor deve entender que precisa ser um bom agricultor, pois, quanto maior a produtividade da sua lavoura, maior será seu estoque de volumoso/grão. O aumento na produtividade terá impacto direto no seu custo de produção, visto que será mais eficiente no uso da terra e dos recursos, em geral, produzindo mais e melhor com menos. Esse estoque de forrageira é necessário e importante, pelo simples fato de o Brasil ser um país tropical, com históricos de veranicos na época das águas, o que pode prejudicar significativamente o desenvolvimento da cultura do milho, acarretando perdas no desempenho, que não estavam previstas. Faz-se necessário que o produtor adquira uma silagem de terceiros, a um preço elevado e, muitas vezes, de baixa qualidade, para conseguir alimentar seus animais.
Como aumentar a produtividade da lavoura? São vários os fatores que podem influenciar positivamente a expressão do máximo produtivo de uma lavoura de milho. Dentre esses fatores podemos destacar:
– Realizar coleta e análise de solo, para conhecer em qual grau de fertilidade seu solo se encontra, o que irá auxiliar no fornecimento adequado de nutrientes e pode, por exemplo, reduzir custos com adubação evitando excessos.
– Realizar a calagem e gessagem na área destinada ao plantio, caso haja necessidade. Essa necessidade poderá ser detectada mediante análise de solo. A calagem é uma das etapas de preparo do solo, onde se aplica calcário, com o objetivo de corrigir o ph do solo para uma faixa favorável à absorção de nutrientes, neutralizar o alumínio trivalente, que é toxico para as plantas e também fornecer cálcio e magnésio para o solo/planta. Já o gesso agrícola é considerado um condicionador do solo, pois fornece cálcio e enxofre às camadas mais profundas do solo, favorecendo o enraizamento. Vale lembrar, que o gesso agrícola não é um corretivo de acidez do solo.
– Respeitar a época correta para o plantio do milho, com temperatura, umidade e luminosidade favoráveis ao seu desenvolvimento. Lembramos que o milho se desenvolve melhor em altitudes de até 900 metros.
– Escolher do híbrido adequado. Nesse caso é importante levar em consideração o ciclo do híbrido, podendo este ser curto, médio ou longo, pois, isso influenciará diretamente na janela de colheita. Por exemplo, o produtor que depende de máquina de terceiros, compensa decidir por híbridos de ciclos mais longos. Na hora de escolher um híbrido, devemos levar em consideração, também, o histórico da área em que será cultivado.
– Realizar o tratamento da semente, caso não tenha sido adquirida já tratada. O tratamento de sementes tem como principal objetivo prevenir o ataque de pragas de importância econômica.
– Fazer um bom preparo do solo, lembrando de que os torrões de um solo mal preparado são uma barreira física para a germinação da semente.
– Respeitar a densidade de plantas por hectare, uma vez que o uso de densidades muito elevadas pode reduzir a atividade fotossintética da cultura e, consequentemente, a eficiência da conversão de fotoassimilados em produção de grãos, além de aumentar também a competição por água e nutrientes entre as plantas.
– Respeitar a profundidade máxima da cova (de até 5 cm). Covas muito profundas podem prejudicar a germinação das sementes e interferir na produtividade da lavoura.
– Regular corretamente a semeadora para que caia a quantidade correta de sementes e de adubo por metro.
– Respeitar a velocidade de plantio, uma vez que o ideal é não ultrapassar 5 km/hora.
– Realizar a adubação de plantio conforme a necessidade, para garantir a disponibilidade de nutrientes para a planta.
– Realizar o controle de pragas, caso haja necessidade.
– Controlar as plantas daninhas no estádio V2 da cultura, ou seja, quando o milho possuir 2 (duas) folhas completamente expandidas. O controle dessas plantas visa evitar a competição por nutrientes, água e luz.
– Realizar a adubação de cobertura no estádio V3 (3 (três) folhas completamente expandidas) para V4 (4 (quatro) folhas completamente expandidas) da cultura, pois é nessa fase que será determinado o potencial de produção da lavoura.
– Aplicar fungicida até o estádio V8 (8 (oito) folhas completamente expandidas), quando ainda é possível entrar com o trator na área. O fungicida tem a função de aumentar o stay green da planta, mantendo-a verde por mais tempo.
O manejo correto da cultura de milho, até o momento da colheita, vai acarretar em redução dos custos e em otimização de resultados. Porém, é importante aprimorar os processos de colheita, as condições de armazenagem dos grãos e o processo de ensilagem, uma vez que todos esses esforços para aumentar a produtividade da lavoura podem ser em vão, se a colheita e a armazenagem não forem realizadas de forma adequada.
Pecuarista, nunca é tarde para se tornar um bom agricultor!
Mariana Figueiredo – Estagiária da Labor Rural